quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Carta 5

Recebida em 03 de novembro de 1880


Temas:

PRECONCEITO – COMPROVAÇÃO DE FENÔMENOS – VALORES MORAIS E ESPIRITUAIS – FRATERNIDADE E MORALIDADE – DETURPAÇÃO DA APARÊNCIA DO MESTRE


Sobre a Carta (postado por G. Melo)

Na contextualização dessa Carta, há três questões importantes que vale a pena destacar.

A primeira deve-se a um desencontro de ações. Sinnett ficou de publicar o episódio da almofada. Como demorou, Olcott escreveu sobre o episódio citando o nome das pessoas presentes. O jornal Times, da Índia, descobriu a cópia dessa narração e publicou, com comentários injuriosos. Damodar (que era um discípulo), destinatário da narrativa de Olcott, escreveu um protesto que o Times se recusou a publicar. Contudo, o jornal Gazette de Bombaim publicou uma vigorosa resposta de H.P.B. sobre quem recaiu a responsabilidade, pois as pessoas citadas ficaram descontentes com a publicidade. Esses fatos, que geraram uma “crise” na ST, nos remetem ao tema CUMPRIMENTO DE PROMESSAS.

A segunda questão foi uma sequência de troca de correspondências, na qual o Mahatma parece que desejava dar a Sinnett mais uma prova de sua existência. Sinnett enviara uma carta registrada para H.P.B. para ser entregue ao Mahatma K.H. (um complemento a nota sobre o episódio da almofada). H.P.B. recebeu a carta registrada em 27 de outubro e a mandou imediatamente, por meios ocultos, às 14 horas. O Mahatma a recebeu às 14h05.  Como estava dentro de um trem na região atual do Paquistão, desceu na primeira estação e mandou um telegrama comunicando o recebimento da carta, que está datado e arquivado pelo agente de telégrafo. O Mestre instrui H.P.B. a devolver o envelope da Carta a Sinnett, que o guardou e, mais tarde, entendeu: a data e hora do registro da carta versus a data e hora do telegrama mostram que a carta só poderia ter sido entregue ao Mahatma por meios ocultos. Estes fatos nos falam da produção de FENÔMENOS como prova da existência dos Mahatmas.

A terceira refere-se a uma série de comentários do Mahatma sobre a questão da raça e cor, bem como a cultura dos ingleses que, à época, dominavam a Índia. Em seus argumentos o Mestre expõe a questão de sua própria legitimidade para os ingleses, visto que eles – “os melhores Adeptos, os mais eruditos e os mais santos são das raças dos ‘tibetanos sebentos’”. Trata-se do tema recorrente: PRECONCEITO.

 
REFLEXÕES

Esta é uma Carta extremamente rica. Nunca é demais lembrar que a carta de Sinnett não é conhecida. Podemos deduzir o tema pelas respostas do Mestre, algumas delas de cunho administrativo, acerca da condução da ST, o que frequentemente nos causa alguma perplexidade. Embora estranho para nós, é preciso ter em mente que o Mestre responde  tudo que Sinnett pergunta/questiona/argumenta. Essa troca permitiu a nós, homens e mulheres do século XXI, acesso a temas da mais absoluta relevância teosófica. Outra observação é sobre a comunicação elegante e fluente do Mahatma, que usa frequentemente argumentos filosóficos. Nesta carta (5), ele vai tocar em algumas questões primordiais para o desenvolvimento espiritual, tais como valores perdidos pela sociedade ocidental.

Para facilitar a reflexão acerca desta carta, ela será dividida por alguns dos temas encontrados:

 
O episódio da almofada e o cumprimento de promessas.

Sinnett ficou de publicar o episódio da almofada, mas não o fez. (O relato mais detalhado está acima.) A responsabilidade pelo vazamento da lista de pessoas e a publicação desonrosa do Times recaiu sobre H.P.B. Ela, então, pede socorro ao Mahatma. Este estava em algum lugar do Tibete quando os “telegramas” de H.P.B. (comunicação por meio oculto) chegam até ele como “pedras lançadas por uma catapulta”. K.H. faz um comentário brincalhão ao dizer, sobre Blavatsky e seu “telegrama”, que “nossa amiga não tem a resignação filosófica de um Marco Aurélio” (uma alusão ao estoicismo, corrente filosófica praticada pelo imperador Marco Aurélio). O Mahatma ainda é sutil  quanto ao fato de que Sinnett, se tivesse cumprido a promessa de publicar o episódio da almofada, nenhum problema havia acontecido. Em carta futura o Mestre abandona o sutil para ser mais explícito, embora sempre elegante.


Modos de entrega acelerada

O Mahatma registra que a carta de Sinnett foi recebida em Amritsar no dia 27 de outubro, às 4 horas da tarde, chegando-lhe às mãos cinco minutos depois, cerca de 48 km além de Rawalpindi. O Mestre telegrafa de Jhelum (local de parada  do trem em que se encontrava) acusando o recebimento às 4 horas da mesma tarde. Comenta, então, com Sinnett: “Nossos modos de entrega acelerada e comunicações rápidas não são, como vê, desprezíveis do ponto de vista do mundo ocidental.....”

Esforço, Dedicação e Imparcialidade

Ao discorrer sobre a carta do Cel. Olcott a Damodar (discípulo), roubada pelo jornal Times, acerca do episódio do broche, o Mestre K.H. aproveita para expor alguns valores. Enfatiza o esforço e a dedicação do Cel. Olcott: ...um homem capaz de “dormir em qualquer cama, trabalhar em qualquer lugar, confraternizar com qualquer pobre sem casta, suportar qualquer sofrimento pela causa....”.  “Onde poderíamos encontrar dedicação igual?”

Apesar dessa dedicação, o Mestre dá demonstração de profunda imparcialidade, ao reconhecer que Olcott não deveria ter ligação com a loja anglo-indiana.

Forma definida pelo Mestre para o funcionamento da ST

O desejo de Sinnett e Hume de manter a loja anglo-indiana independente da Sociedade matriz não foi aceita pelo Mestre. Criar essa independência seria “dar um golpe mortal na Sociedade Teosófica”. O correto seria manter a ligação, embora sem interferência dos fundadores. Essa parte do texto revela os primórdios da política acerca das lojas teosóficas. Elas são autônomas, mas não independentes da Sociedade em si.

Homens e não Mestres de Cerimônia

A carta é iniciada com uma menção às “convenções do mundo vazio”, o que tem muito pouca importância para os Mestres.  K.H. está dando um feedback positivo a Sinnett, uma vez que eles (os Mahatmas), afirma K.H., buscam HOMENS e não MESTRES DE CERIMÔNIAS, homens que apenas observam regras sociais, “cada vez mais um formalismo morto [está] ganhando terreno”. O Mestre afirma sentir-se “feliz em encontrar um aliado inesperado num setor em que não houve muitos.....entre as classes cultas da sociedade inglesa”.

Preconceito versus Respeito

O assunto continua sendo a proposta de Sinnett e Hume de criar uma loja anglo-indiana sem a ingerência dos fundadores da ST (H.P.B. e o Cel. Olcott), com a orientação direta do Mahatma K.H.  Nos textos já citados, o Mestre rechaça a independência da loja anglo-indiana da sociedade matriz e mantém “uma supervisão executiva puramente nominal” dos fundadores, lembrando que Olcott era um homem da mesma raça dos ingleses. Mesmo assim era desagradável aos olhos de Sinnett e Hume. É esse o ponto que é utilizado pelo Mahatma para fazer uma reflexão maior. “...vocês seguramente se rebelarão contra a orientação de um hindu, cujos métodos e costumes são os de seu próprio povo, e cuja raça, .....vocês ainda não aprenderam sequer a tolerar, para não falar de amar e respeitar.”

E faz uma comparação: “.....você sabe que o leão é proverbialmente uma fera suja e agressiva, a despeito da sua força e coragem”, frase que alude aos modos dos “melhores adeptos, os mais erudito e os mais santos [que] são das raças dos ‘ tibetanos sebentos’.”

 “Meu bom irmão – diz o Mestre, para completar seu argumento – você tem certeza de que impressão agradável que você pode ter agora, ....., não seria instantaneamente destruída ao me ver?”

Por que Sinnett e Hume teriam uma má impressão ao ver o Mestre pessoalmente? Certamente, porque ele tem a aparência de um hindu. Na carta 10, ele vai utilizar a palavra “negro”, assim, entre aspas, o que confirma sua descrição de si mesmo, um complemento à descrição dos “tibetanos sebentos”, obviamente na visão dos ingleses. Ainda diz de si mesmo: “”morador de cavernas, de aquém e além dos Himalaias”. A má impressão derivada do preconceito completou-se: (a) pela cor da pele; (b) pelos hábitos de higiene diferenciados; (c) pela raça  diferentes do biótipo inglês; (essa lista é maior!)

Mas o preconceito ainda era maior do que o Mestre descrevia. No século seguinte um autor descreveu o mestre como "loiro, de olhos azuis, cabelos castanhos que brilhavam à luz do sol", com uma aparência "tão boa quanto a da média dos homens ingleses".

 
Fraternidade e Moralidade

O Mestre encerra a carta dizendo que a “expressão “Fraternidade Universal” não é vazia de significado”, pois “é a única base segura para uma “moralidade universal”.” O que vem a ser a aspiração do “verdadeiro adepto”.

Observação: A fonte é sempre a correspondente Carta dos Mahatmas. Muitos trechos são copiados, mas a fala do(s) Mestre(s) serão apresentadas sempre "entre aspas".




terça-feira, 20 de agosto de 2013

Cartas 3, 3B, 3C e 4

Recebidas em 20 de outubro de 1880 e 27 de outubro de 1880 (a Carta 4C)


Tema:

FENÔMENOS PSIQUICOS


Contextualização (postada por G. Melo):

Na noite para 20 de outubro, Sinnett, que tanto desejava um encontro com o Mestre, protagonizou um fenômeno de encontro com ele e mais um outro Adepto (sinônimo de Mahatma). Sinnett conta que acordou e, em seguida, dormiu novamente e se viu no quarto ao lado, onde teria avistado o Mahatma K.H. e outro, mais tarde identificado como “Serapis” por Olcott, “o mais jovem dos Chohans”.

Poderia ter sido um sonho? Certamente que sim, mas durante o dia, em que haveria um piquenique pela manhã, Sinnett recebeu um bilhete do Mahatma, no qual legitimava a experiência vivida como um encontro real e, para que não houvesse “elemento de dúvidas”, ele, o Mahatma, havia pego algo e levado consigo.  Esse bilhete é a Carta 3A.

Durante o piquenique, H.P.B., repentinamente, avisou Sinnett que  K.H. perguntava onde eles queriam que o objeto que ele havia retirado da casa dos Sinnett na noite anterior fosse encontrado. H.P.B. não sabia do que havia acontecido (Sinnett afirma isso em sua obra "O Mundo Oculto").  E tampouco Sinnett sabia que H.P.B. recebera ordens de não sair de perto da Sra. Sinnett  toda manhã.

Foi escolhida uma almofada fechada que estivera todo o tempo  sob as vistas da Sra. Sinnett, portanto não haveria dúvidas.  A almofada foi aberta com dificuldade e dentro, primeiramente, foi encontrado um bilhete do Mahatma (Carta 3B) e, em seguida, um broche antigo e familiar da Sra. Sinnett, mas que curiosamente tinha agora inscritas as iniciais do Mahatma K.H.

No bilhete (Carta 3B), o Mahatma fala que o broche “foi colocado neste lugar bastante estranho” para mostrar como é fácil produzir um fenômeno real e como ainda mais fácil suspeitar de sua autenticidade, tese que ele defendia desde a primeira carta e que, por esse e outros motivos (já falados nas cartas anteriores), achava contraproducente a ocorrência de fenômenos como forma de convencer as pessoas da autenticidade da Sociedade Teosófica. No bilhete o Mahatma ainda fala “da dificuldade de que você falou na noite passada” em relação ao intercâmbio de cartas, pois H.P.B., que era o elemento de ligação entre eles, estava de partida de Simla. Essa menção revela que o Mahatma ouvira a conversa ocorrida entre os Sinnett durante o jantar.

Na Carta 3C, o Mahatma questiona o porquê Sinnett estava decepcionado pelo fato do Mahatma não ter respondido seu bilhete anterior, o que significa que o Mestre conseguia identificar sentimentos à distância. Ele diz a Sinnett que ainda lhe pedirá um favor, agora que ele havia se tornado a única pessoa que não tinha mais dúvidas. Referia-se assim às pessoas que ainda se mantinham céticas, mesmo depois de participarem de inúmeros fenômenos, o que prova que a tese do Mahatma, na Carta 1, estava certa.


Quanto a carta 4, é apenas um bilhete pequeno, de resposta a uma pergunta.


Observação: A fonte é sempre a correspondente Carta dos Mahatmas. Muitos trechos são copiados, mas a fala do(s) Mestre(s) serão apresentadas sempre "entre aspas".  


 

domingo, 18 de agosto de 2013

Carta 2

Recebida em 19 de outubro de 1880

 
Temas:

ADEPTO – CIÊNCIA OCULTA TEM SEUS MÉTODOS – SEGREDOS DA NATUREZA: MINORIA – MOTIVAÇÕES – INJUSTIÇA – FRATERNIDADE UNIVERSAL – INGRATIDÃO - REGRAS BÁSICAS DOS MESTRES.


Sobre a Carta (postado por G. Melo):

A Carta 2 é uma resposta à proposta de se criar uma Loja Anglo-Indiana, completamente independente da Sociedade Teosófica e de seus fundadores: H.P.B e Olcott.  Sinnet e Hume (amigo de Sinnett, cujo passatempo favorito era o estudo de pássaros) desejam contato direto com os Mestres. A carta, entretanto, foi escrita por Sinnet.

O Mestre K.H. reforça a informação da Carta 1 sobre a ciência oculta: “os mistérios nunca puderam e jamais poderão ser colocados ao alcance do público em geral”.  Os Adeptos – aqueles que conhecem a ciência oculta – são aqueles que obedecem “ao impulso interno da alma sem levar em conta as cautelosas considerações da ciência ou da inteligência mundana”.

O Mestre questiona as RAZÕES de Sinnet, para fazer a proposta de contato direto com os Mestres, pois, se aquele que deseja o Conhecimento abandona tudo e vai até os Mestres como Sinnet quer comunicar-se sem ao menos mudar seus “modos de vida” que, nas palavras do Mestre, “são diretamente hostis a tal tipo de comunicação”.

Como o mundo em geral não está preparado, o que significa, repetindo o que foi dito na Carta 1, que falta um “comportamento social e moral”, o qual seria a base para se conhecer as ciências ocultas; é preciso tratar com indivíduos isolados que buscam “ir além do véu da matéria até o mundo das causas primárias”.

Ambos querem esse tratamento – Sinnet e Hume. Então o Mestre analisa, primeiramente, as MOTIVAÇÕES,  especificamente as de Sinnet (e as relaciona, tais como na Carta de Sinnet, para evitar ser mal interpretado; aqui reproduzimos omitindo palavras, para sintetizar):

1.      Desejo de receber provas concretas e incontestáveis de que existem forças na natureza desconhecidas da ciência;

2.      Esperança de apropriar-se delas algum dia (quanto mais cedo melhor), de modo a capacitar-se para:

a)      Demonstrar a sua existência a algumas poucas pessoas do mundo ocidental;

b)     Contemplar a vida futura como uma realidade objetiva construída sobre o Conhecimento e não sobre a fé; e

c)      Saber toda a verdade acerca das Lojas e dos Mestres, adquirindo certeza de que os Irmãos existem (essa motivação foi classificada como a mais oculta e a mais importante).

O Mestre afirma que essas motivações parecem dignas e sinceras, mas sob a ótica ocidental. São, entretanto, egoístas. Enfatiza que “as mais elevadas aspirações pelo bem estar da humanidade ficam manchadas pelo egoísmo se houver uma sombra de desejo de autobenefício ou uma tendência para fazer injustiça, mesmo quando ele é inconsciente disso.”

(Vai explicar essa questão da injustiça mais a frente.)

Ele lembra que Sinnet sempre argumentou contra a ideia da Fraternidade Universal, questionou sua utilidade e propôs uma escola de ocultismo. A isso o Mestre responde que nunca ocorrerá.

Agora, o Mahatma segue para analisar as CONDIÇÕES propostas por Sinnet para ajudar a Sociedade Teosófica. Essas condições implicam, além de total independência dos fundadores da ST, um contato direto com os Mestres, que viriam até eles, Sinnet e Hume.  

 Para começar o Mestre diz que a “primeira e mais importante das nossas objeções está em nossas Regras”. Segundo essas regras, “a porta é aberta quando o homem certo bate nela”. O discípulo vai ao Mestre e não o contrário, como propõem Sinnet e Hume. E quando chegar, este homem deverá ficar até ser capaz de comprovar que pode manter em sigilo os mistérios.

E lembrou que H.P.B. já havia passado desta etapa e Olcott em breve passaria. Então, refletiu para Sinnet a improcedência da proposta de criar uma Loja independente dos dois fundadores. Além, é claro, de constituir uma injustiça, seria uma ingratidão da parte dos Mestres em relação a H.P.B. e Olcott.

E finalizou que se eles queriam formar uma nova loja, ela teria de ser ligada a ST e “contribuir com sua vitalidade e utilidade para promover a ideia básica de uma fraternidade universal.”
 
 
 
Sobre a Carta (postado por E. Oliveira):
 
Nesta carta, o Mestre fala também do indivíduo que deseja se dedicar ao estudo da Ciência Oculta. Uma vez transposto o limiar do mundo invisível não deve determinar seu progresso dali para a frente e ainda deve ser guiado por um Mestre.
 
O homem que decidiu estudar os Mistérios da Ciência Oculta não deve se esconder, mas proclamar isso em voz alta, a despeito de todos os obstáculos. O Mestre cita, inclusive, um ditado cristão: "O Reino dos Céus é obtido pela força."


Observação: A fonte é sempre a correspondente Carta dos Mahatmas. Muitos trechos são copiados, mas a fala do(s) Mestre(s) serão apresentadas sempre "entre aspas".
 

Os Mahatmas

Um MAHATMA é "um personagem que, por meio de educação e treinamento especiais, desenvolveu aquelas faculdades superiores e atingiu aquele conhecimento espiritual que a humanidade comum adquirirá depois de passar por séries inumeráveis de encarnações durante o processo de evolução cósmica, desde que, naturalmente, neste meio tempo, ela não vá contra os propósitos da Natureza...."

Este conceito é de Helena Petrovna Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosófica, sob a inspiração dos Mahatmas, em um artigo de julho de 1884.

Em uma carta de 01 de julho de 1890,  H.P.B., como era conhecida Blavatsky, revela novos dados sobre os Mahatmas: "Eles são membros de uma Fraternidade oculta [mas] de nenhuma escola indiana em particular. Esta Fraternidade não se originou no Tibete, mas a maioria de seus membros e alguns dos mais elevados entre eles estão e vivem constantemente no Tibete."

O principal seria explanado por H.P.B. assim: " ELES SÃO HOMENS VIVOS, não espíritos. O seu conhecimento e erudição são imensos e a santidade de sua vida pessoal é maior ainda - entretanto, eles são homens mortais ......"

Em conversa com o escritor Charles Johnston, marido de sua irmã Vera, H.P.B. é indagada sobre a idade de um dos Mahatmas: "....Eu o encontrei pela primeira vez quando tinha vinte anos. Agora, sou uma mulher velha, mas ele não parece nem um dia mais velho. Ele ainda está no auge de suas forças." O Sr. Johnston insistiu no tema, imaginando algum elixir da vida, ao que Blavatsky respondeu: "Isso é um mito. É apenas o véu que esconde um processo oculto real, o afastamento da velhice e da dissolução durante períodos que pareceriam fabulosos.......O segredo é o seguinte: para todo ser humano há um climatério, quando ele deve se aproximar da morte. Se ele desperdiçou as suas forças, vitais não há escapatória, mas se ele viveu de acordo com a lei, pode atravessar esse período e assim continuar no mesmo corpo quase indefinidamente.".

Abaixo, os retratos do Mestre Koot Humi e Morya, as únicas imagens autorizadas por eles.





 
 
Fonte: Carta dos Mahatmas, Volume I, Notas Introdutórias
 

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Carta 1

Recebida em 15 de outubro de 1880

 
Temas:

PRODUÇÃO DE FENÔMENOS – CIÊNCIA E OS FENÔMENOS – NATUREZA HUMANA
MUNDO DO ESOTERISMO – LEI DO KARMA – ESTRATEGIA DE EXPANSÃO – EDUCAR O PÚBLICO


Sobre a Carta (postado por G. Melo):

O mundo, estando no primeiro estágio de libertação, se não de desenvolvimento (palavras do Mestre) torna contraproducente a realização de fenômenos, embora esses fenômenos, enfatiza o Mestre, não sejam causados por meios sobrenaturais, mas leis e meios naturais. Como a ciência ainda era incapaz (no estágio de 1880) de explicar esses fenômenos, as massas ignorantes os veriam como milagres.  O resultado seria o desequilíbrio.

Além disso, a realização de fenômenos abre a porta da notoriedade, portanto, de armadilhas.

Quais seriam exatamente as conseqüências? Se as pessoas não acreditam, há a perda da reputação; se acreditam, seriam atribuídos aos poderes das trevas. A atitude das pessoas diante dessas questões mais profundas e misteriosas depende inteiramente de suas condições sociais e morais.

A natureza humana “é igual agora como era há um milhão de anos atrás:
ü      - preconceito baseado no egoísmo
ü      - resistência generalizada a renunciar a ordem estabelecida das coisas em função de novos
       modos de vida e de pensamento (e o estudo oculto requer tudo isso e muito mais)
ü     -  orgulho e uma teimosa resistência à Verdade, quando ela abala as suas noções prévias
       das coisas “

As classes mais altas são sempre céticas.

Como conseqüência, haveria que se produzir fenômenos cada vez mais potentes e em maior número ou “cair numa luta infindável com o preconceito e a ignorância e ser destruído por suas próprias armas.”

“Enquanto a ciência tiver algo a aprender, enquanto restar uma sombra de dogmatismo religioso no coração das multidões, os preconceitos do mundo têm de ser vencidos passo a passo, sem atropelos.”

“A única salvação para os verdadeiros conhecedores das ciências ocultas é o ceticismo do público.” Seria mortal esse conhecimento nas mãos dos perversos e egoístas.

Por isso, o objetivo mais premente da Teosofia é eliminar os preconceitos e o dogmatismo, através do conhecimento teosófico, procurando o desenvolvimento social e moral, para haver uma base em que haja apoio para o conhecimento esotérico.

O comportamento social e moral é a base para se conhecer as ciências ocultas.

O Mestre faz alusão ao “mundo do esoterismo”, que tem LEIS BASEADAS EM CÁLCULOS MATEMATICAMENTE CORRETOS DO FUTURO, isto é, “os resultados necessários das causas que sempre temos liberdade para criar e modelar a nossa vontade, mas cujas conseqüências somos incapazes de controlar, e as quais, desta forma, se tornam nossos mestres...”

Ele esta descrevendo a Lei do Karma, lei da causa e efeito, cujas causas temos liberdade para criar a modelar, mas cujos efeitos somos incapazes de controlar e, assim, se tornam nossos mestres, pois nos indicam didaticamente as causas e onde nosso poder de escolha foi usado correta ou incorretamente. Chama atenção a expressão “leis baseadas em cálculos matematicamente corretos do futuro”.

O Mestre faz alusão à ESTRATÉGIA, que Sinnet era um estrategista e, como tal, deveria ficar satisfeito com a reflexão de que “pouco vale conquistar novas posições até que as que foram alcançadas estejam seguras e que até os inimigos estejam perfeitamente conscientes do direito a essas posições”.

Primeiro o público que assistiu a alguns fenômenos deve digerir o que viu, buscando explicações. Os céticos ficam satisfeitos com a hipótese de materialização. Os outros ficariam menos propensos a acusação de fraude. Consolidar posições deve fazer parte da estratégia.

O Mestre fala do ‘DEVER SAGRADO DE EDUCAR O PÚBLICO”, PREPARANDO-O PARA POSSIBILIDADES FUTURAS, ABRINDO GRADUALMENTE SUA VISÃO PARA A VERDADE. Ora, e se o comportamento social e moral é a base para se conhecer as ciências ocultas, logo “educar o público” é gerar aprendizagem de valores e princípios, os quais agiriam para eliminar a parte negativa da natureza humana (preconceito, resistência à verdade, orgulho, dogmatismo).

O Mestre faz referência a capacidade de Sinnet em ser testemunha, pois tem credibilidade.

E o Mestre diz pela primeira, de muitas vezes: TENTE


Observação: A fonte é sempre a correspondente Carta dos Mahatmas. Muitos trechos são copiados, mas a fala do(s) Mestre(s) serão apresentadas sempre "entre aspas".